of montreal | lousy with sylvianbriar

Foi preciso ninguém levar mais fé no Of Montreal para eles gravarem o melhor disco desde Hissing Fauna, Are You The Destroyer? (um dos melhores álbuns da década passada). Bom, antes tarde do que nunca. Lousy With Sylvianbriar é coerente, conciso e – considerando o histórico de Kevin Barnes – o mais contido da carreira da banda.

Isso pode parecer irônico, uma vez que o LOUSY do titulo poderia ser indicativo de um disco raivoso e agressivo. No entanto, esse é o álbum mais calmo da banda, com um Barnes muito mais interessado em desenvolver melodias simples do que os floreios histéricos que fizeram a cabeça de 11 em cada 10 hispters anos atrás. Ainda assim, deixe-me clarear as coisas, não se trata de um disco simples. Existem muitas camadas a serem exploradas aqui.

De imediato, não lembro do Of Montreal soando tão reverente a sonoridades clássicas em álbuns anteriores. De Dylan – passando por Beatles, Stones, Creedance Clearwater Revival, Velvet Underground – aos camarins emplumados do glam da década de 70, Barnes vampiriza suas fontes até não restar uma gota de sangue na carcaça, para a partir daí criar um som que parece uma reengenharia genética do som quase operístico pelo qual a banda ficou conhecida. Tudo está lá, inclusive os maneirismos e a mistureba típica de Kevin Barnes, mas tudo muito menos embotado.

O talento de Kevin para escrever letras complexas e confessionais continua intocado. E se colocar essa lição de vida aqui –> You had to forgive your enemy/ Cos it was making you psychotic to keep fighting inside of your head/ But how could you allow these people that you don’t even respect/ To rape your self concept and make your inner world an ugliness <– no meio de uma música não deixar você pasmo, poucas coisas o farão.

Essa versão menos pirotécnica do Of Montreal é bem interessante e mostra um ângulo novo de uma fórmula que já andava desgastada. Se fosse gravado anos antes, poderia ser considerado um excelente disco de entrada, mas estamos falando do 12o álbum de uma banda. Por essa razão, vejo esse trabalho como um providencial desvio e uma dose extra de fôlego para uma carreira que estava muito próxima da asfixia.

Abaixo o áudio de ‘Triumph of Disintegration’, que lembra bem o som dos discos anteriores e é uma das melhores faixas do Sylvianbriar–>